1 de fev. de 2013

Por que mesmo a gente ficou tanto tempo sem se ver?




Já faz um tempinho que li pela primeira vez este texto de autoria da Magali Moraes e não me canso dele, é tão verdadeiro e importante que faço questão de compartilhá-lo com vocês.

Peço licença para fugir um pouco da “temática” do blog e dar asas a estas palavras inspiradoras, afinal, o que seria desta vida sem nossas amigas de todas as horas?

“Escrevo este texto ainda sob efeito de um almoção com uma amiga. Eu poderia abrir o zíper do jeans para me recuperar do banquete. Só que nem me lembro da comida, provavelmente comi pouco, porque meu estômago acabou de roncar. O que estou digerindo até agora é a quantidade de coisas que contamos uma para a outra.

Peraí. Por que mesmo a gente ficou tanto tempo sem se ver?

Não faço ideia. Foi um mês ou uma eternidade? Ver no Facebook não conta. Prefiro o sentido literal do verbo, aquela alegria de enxergar a amiga sentada na frente, olho no olho, rímel no rímel, sem nada para fazer a não ser prestar atenção e não perder o fio da meada. Duas mulheres conectadas feito um celular que sai do modo avião e finalmente encontra o sinal da operadora. Falando, ouvindo, falando, ouvindo. E a comida de coadjuvante na história. 

Desculpe, saladinha, mas a fome era de amiga. Não podíamos desperdiçar um raro momento como aquele. Pulamos direto para o que interessava: a atualização imediata de tudo o que ficou para trás.

Tem amizades que hibernam sem motivo aparente. Ou por vários, como trabalho, estresse, viagens, filhos, faculdade, namorado, marido, problemas de saúde, confusões de família. É Justamente para administrar o overbooking da vida que a gente precisa das amigas. São elas que nos escutam e nos aconselham a sobreviver com dignidade. Não adianta comprar cremes caros se a testa segue franzida.

Quando duas amigas decidem recuperar o tempo perdido, sai de perto. Se a amizade é das boas, se as verdade podem ser ditas é só se reencontrar para que tudo volte automaticamente. A afinidade, as confidências, a sensação reconfortante de estar junto dessa pessoa que você escolheu para ser sua amiga. Isso, sim, é alimento.

Então, um almoço parece pouco. E injusto. O assunto acumulado daria para esticar em linha reta e ir daqui até a Lua. Ou, vá lá, esticar a sobremesa durante a tarde inteira. Uma conversa entre amigas vai abrindo parênteses, formando novos parágrafos, organizando o pensamento e desestressando mais que shiatsu Express. Por via das dúvidas, é melhor colocar um alarme na agenda para repetir todos os meses: não posso ficar longe dessa bandida, não posso, não posso.

A gente gasta energia para conquistar tantas coisas. Mais respeito no trabalho, mais milhas e viagens, mais porta malas no carro, mas it bags e it shoes, mais regalias com o gerente do banco, mais convites para festas, mais isso e aquilo. Conquistar até é fácil, quero ver você ser boa no reconquistar. Precisam sentir o perfuma umas das outras. Garanto que tem alguma amiga sua esquecida na prateleira mais alta e inacessível do closet. Pegue uma escadinha, um trem, um navio, um barco a remo, e vá ao seu alcance.

O problema de um almoço tão clarividente e oxigenador como esse é que a gente se lembra das outras amigonas que também não vê faz tempo. De novo: ver de enxergar na frente, de esticar a mão e tirar um fio de cabelo que caiu no rosto. E são muitas amigas, para a felicidade desta que vos tecla. Bate uma saudade coletiva tipo jogo de dominó. Quantas peças importantes eu deixei cair e não juntei? 

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